Dissípia é uma investigação visual sobre o instante anterior ao acontecimento — mas que permanece suspenso. Entre o frio e a luz, as imagens revelam a respiração mínima do planeta. A série foi produzida na Islândia, território onde o horizonte parece não terminar. O olhar percorre superfícies rochosas, reflexos líquidos e campos de gelo que se desfazem em silêncio. O tempo é matéria: lento, denso, quase imóvel.

O espaço se torna corpo — e o corpo, um fragmento do espaço. As formas em movimento e o vazio coexistem em equilíbrio instável. Às vezes branca, às vezes azul, a luz polar delineia texturas frágeis, enquanto o escuro guarda o que ainda não aconteceu.

Nesse cenário, o clima é personagem e testemunha. A fragilidade do gelo e o reflexo das águas são vestígios de um planeta em transformação, marcados pelas mudanças climáticas e pela instabilidade ambiental que definem o nosso tempo. Cada imagem se torna um respiro dentro da vastidão — uma pausa diante do colapso silencioso da paisagem.

Dissípia propõe uma experiência sobre tempo, matéria e impermanência, um convite para habitar o silêncio — para sentir a fluidez do tempo e o peso da imensidão — antes que tudo, finalmente, se dissipe.